Rota das Esculturas
A Freguesia de Moledo foi palco de um notável projeto, resultante da parceria entre a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e a autarquia local, que ao longo de quatro anos trouxeram até à aldeia de Moledo vários discentes do Mestrado de Escultura Pública que desenvolveram peças alusivas à temática Inesiana.
Desta ação resultou a construção de uma Rota de Escultura Publica que teve como principais objetivos a consolidação efetiva desta localidade como aldeia histórica, aliando-a à temática Inesiana, bem como a requalificação urbana de alguns dos seus espaços.
“Paço”
De Constança Clara – instalação de um pequeno “palco” de pedras oferecidas pelas pessoas da aldeia. A construção desta peça exigiu uma estreita colaboração da população com a artista, facto que a torna bastante peculiar.
“Presença Ausente”
De Denise Romano – escultura que nos remete para a forma de um trono, onde a pedra se conjuga com o Inox numa forma que aborda conceptualmente a suposta coroação póstuma de Inês de Castro.
“Juízo Final”
De Francisco Cid – trata-se da representação mais figurativa de D. Pedro e D. Inês. São figuras humanas construídas em técnica mista, ambas suportadas por dois blocos toscos de pedra da região, paralelepipédicos seguindo a tradição escultórica tumular.
“A morte de Inês”
De Joana Alves – remete para a outra lenda contada na aldeia que está relacionada com uma pedra antiga que ali se encontra e que terá sido retirada do paço. As pessoas mais idosas contam que essa pedra, em forma de pia, seria a banheira onde Dona Inês se banhava. Assim, a autora procurou “oferecer” uma banheira vitoriana, digna de uma rainha, mas com uma ironia trágica, uma vez que os pés que a suportam são réplicas dos pés do túmulo da mesma, os quais se acredita representar os assassinos que a executaram a mando de Afonso IV.
“A Saudade”
De Roberto Miquelino – esta peça é composta por dois volumes orgânicos construídos em tiras de chapa metálica, que criam uma espécie de bolsa ou casulo. Representam os ventríloquos dos corações dos dois amantes. Reporta-se portanto ao tema do amor por intermédio do coração.
“P.I.“
De Sónia Moreira – feita em ferro e pintada de encarnado, é composta por dois varões direitos que se intersectam num ponto criando um X. Os corpos remetem para os dois amantes e os pequenos elementos que os intersectam podem ser uma alusão aos espinhos, remetendo para as dificuldades que este amor teve de ultrapassar. O nome de “P.I.” leva-nos até ao número matemático π igual a 3,1415926…, infinito à semelhança do amor das duas personagens históricas.
“A Árvore”
De Francisco Gonçalves – situada em frente ao alpendre da igreja, trata-se de um trabalho totalmente feito em madeira. O local onde está implantada, é o que uma velha e emblemática árvore ocupava até há algum tempo. Trata-se de uma escultura com uma forma ascendente, com um corpo central, em redor do qual, e suportado por ele, existem cinco elementos que se dispõem ao comprimento deste de forma espiralada, envolvendo-o. Este movimento e o tronco (que representa a árvore ali existente, bem como o arquétipo de árvore ou ainda uma coluna que liga o céu à terra) está relacionado com o conceito de “lenda” que está na base da história do Moledo, o romance entre D. Pedro e D. Inês de Castro. A “lenda” encontra-se num patamar superior ao piso térreo (aquele em que nós vivemos), está na nossa memória que já vem dos nossos antepassados e será posteriormente transmitido às gerações futuras.
“D.Pedro e D.Inês”
De Pedro Ramos – trata-se uma peça mais racionalista, geométrica. Feita em aço corten, representa o casal. De uma forma objetiva, é nada mais que um simples exercício de composição que se baseia no facto de fazer um objecto modular rodar sobre si. As personagens históricas são aqui representadas por pirâmides, sendo a união das mesmas representativa do amor.
João Leirão e Cristina Henriques