Audioguias Ecológicos
O que são?
Os Audioguias Ecológicos são um sistema inovador em Portugal. As baterias carregam através de energia solar ou, em tempo de chuva ou de noite, através de dínamo, com manivela, de forma manual, o que permite gerar a energia necessária para a audição das informações. Não tendo ligação à rede elétrica, não assumem qualquer emissão de carbono. Os Audioguias estão disponíveis todos os dias do ano, a qualquer hora do dia.
Qual o objetivo da sua colocação?
A colocação de seis Audioguias na aldeia de Moledo, junto de algumas das peças de arte vai contribuir para criar novas dinâmicas, vai melhorar a experiência dos visitantes, dando-lhes as ferramentas para interpretarem o património exposto. Deste modo, os visitantes podem saber mais informações sobre cada uma das peças de estatuária.
É o primeiro graffiti a dar resposta a uma encomenda oficial no concelho da Lourinhã. O Coletivo ColorBlind é composto por Tamara Alves e Oze Arv. Trata-se de um painel interpretativo da história de D. Inês, onde surge representada uma Inês cega, sem a íris/pupila do olho, enquadrada por umas arcadas, que sugerem o antigo paço real do Moledo. A representação dos vários animais remete-nos, não só, para as caçadas de D. Pedro por estas terras, mas também para uma caraterística estilística deste coletivo.
É uma peça que segue a tradição escultórica naturalista. A representação de uma figura feminina nua, modelada em pedra extraída numa das pedreiras da Freguesia. Numa escala superior à humana, tem a zona das ancas e do ventre exageradamente salientes, remetendo para o facto de ela ter tido três filhos no tempo que viveu em Moledo (segundo o historiador Pinho Leal). O “nu” e a simplicidade do nome da peça procura evidenciar antes de mais a mulher comum. A coroa, que se encontra afastada em cima de um plinto é uma réplica da que se encontra no túmulo em Alcobaça. A Inês olha com ar circunspecto para a coroa que nunca usou, remetendo para a coroação póstuma.
As duas figuras estão unidas entre si, abraçadas uma à outra, beijando-se. O ligeiro movimento de aproximação de um ao outro é sugerido pelas pernas, apesar de estes já se beijarem. Esse movimento intensifica a sensação de desejo que as duas figuras históricas sentem um pelo outro e sugere a vontade dos dois corpos se fundirem eternizando dessa forma o amor entre ambos. A escultura, apesar de representar duas figuras, é um só volume, um monólito, dando seguimento à representação de Balzac, de Rodin. Esta representação é mais estilizada e nivelada e as formas dos corpos diluem-se uma na outra à semelhança das figuras esculpidas em pedra por Henry Moore. Aqui o tema é Pedro e Inês, mas segue um tema maior, o “beijo”, que é recorrente em fotografia, pintura e escultura, tendo o seu apogeu na representação de Rodin. Ainda assim é a representação de Brancusi, posterior à de Rodin, que lhe serve de inspiração. A peça é construída em “esferovite” (que desempenha uma função estrutural e que modela a forma), revestido por corda sisal, distanciando-se assim dos materiais nobres da escultura. Por outro lado, e não esquecendo o nome “Cativos do Amor”, a corda sugere a “prisão” ou “ligação” que o amor pressupõe, o amor que uniu de forma eterna Pedro e Inês.
Feita em ferro e pintada de encarnado, é composta por dois varões retos que se cruzam num ponto criando um X. Ao longo desses dois elementos estão dispostas pequenas varas de metal que de forma aleatória e acidental intersectam os varões. Trata-se de uma peça esguia e que tende para o céu, para o infinito. As duas pernas do X remetem para os dois amantes e os pequenos elementos podem ser uma alusão aos espinhos que simbolizam as dificuldades que este amor teve de ultrapassar. O nome, “P.I.”, leva-nos até ao número irracional π (3,14159 …), infinito à semelhança do amor das duas personagens históricas.
Remete para uma lenda contada na aldeia relacionada com uma pia antiga que se encontra próxima da escultura e que terá sido encontrada e retirada do paço real. As pessoas mais idosas contam que essa pia seria a banheira de D. Inês. Assim, a autora procurou “oferecer” uma banheira vitoriana, digna de uma rainha. Esta banheira tem consigo uma ironia trágica, uma vez que os pés que a suportam são réplicas dos pés do túmulo existente no Mosteiro de Alcobaça. Segundo os historiadores, as figuras que suportam o respetivo túmulo representam os assassinos que a executaram a mando de Afonso IV. Toda esta peça é feita com pedra da região, à escala humana.
Instalação de um pequeno “palco” de pedras oferecidas pelos habitantes da aldeia. A construção desta peça exigiu uma estreita colaboração da população com a artista, fato que a torna bastante peculiar. A ideia surge da possibilidade de algumas das casas de Moledo terem sido construídas recorrendo a algumas cantarias retiradas do lendário paço real onde supostamente viveu escondida D. Inês de Castro (segundo os historiadores Pinho Leal e Montalvão Machado). Desse paço resta apenas o terreno, que hoje serve para cultivo, rodeado de um muro de pedra que se suspeita ser dessa época. A instalação de Constança Clara encontra-se exatamente em frente a esse terreno. A artista pretendia que os habitantes de Moledo, simbolicamente, devolvessem as pedras ao paço. Por outro lado, a peça remete para uma prática muito comum na aldeia que se prende com o fato dos habitantes terem um apreço especial pelas pedras encontradas nos seus terrenos e quintais. É frequente a sua ação sobre as mesmas, destacando-as na paisagem que as rodeia, seja pela sua dimensão e/ou pela sua forma, formando pequenos “templos” à semelhança do Cromeleque dos Almendres (Évora) ou Stonehenge (Reino Unido).